Trabalhar pelo fim da malária na Zâmbia é algo pessoal

Por Eric Liswaniso, associado do Rotary Club de Ndola e do Rotaract Club de Lusaka, Zâmbia 

Uma das coisas mais frustrantes sobre a malária é o sofrimento evitável que ela impõe às famílias. A morte de uma criança ou de um dos seus pais, a perda de trabalho ou a instabilidade econômica podem ser devastadoras.

Eu perdi meus pais bem cedo e a vida se tornou muito difícil para mim e para meus irmãos. Felizmente, com a ajuda de familiares, pude completar minha educação e apoiar meus irmãos mais novos. Mas, aquela experiência me despertou para a situação difícil que muitas outras pessoas enfrentam e entendi como a perda de um pai ou mãe leva a uma vida inteira de sofrimento. Hoje, sou casado e tenho uma filha de dois anos, portanto, combater a malária – que afeta particularmente crianças menores de cinco anos e mulheres grávidas – é uma questão pessoal. 

Há quatro anos, entrei para o Rotaract Club de Lusaka, na Zâmbia, para servir à minha comunidade. Mais tarde, quando me mudei a Ndola para trabalhar na prevenção da malária, eu me associei ao Rotary Club de Ndola. Como gerente de programa da organização Malaria Partners Zambia, meu trabalho profissional contribui diretamente aos esforços para acabar com a malária no país – o que também se tornou minha missão de vida. Queremos dar a nossos filhos uma chance justa de sobrevivência e ajudá-los a prosperar, disponibilizando mais serviços de saúde. Nesta nova função, ajudo a mobilizar associados do Rotary da Zâmbia e outras partes do mundo como parte da Parceria pelo Fim da Malária na Zâmbia, que em 2021 se tornou o primeiro projeto liderado por associados a receber um Subsídio de Grande Escala da Fundação Rotária no valor de US$ 2 milhões. Com fundos adicionais da Visão Mundial EUA e da Fundação Bill e Melinda Gates, teremos US$6 milhões para realizar um programa de três anos que visa recrutar, treinar e apoiar 2.500 agentes da saúde comunitários para combater a doença. Eles testarão, diagnosticarão e tratarão a malária, bem como a pneumonia, diarreia e outras doenças evitáveis entre mais de 1,2 milhões de zambianos, a maioria em áreas de difícil acesso. 

Alcançando nosso primeiro marco

Mais de 80% da população zambiana está em risco de contrair malária, que se propaga por meio das picadas de mosquitos infectados. Esta é uma das doenças mais mortíferas do país. A equipe da Parceria pelo Fim da Malária na Zâmbia visa reduzir o número de casos em 90% em 10 distritos nas províncias de Central e Muchinga. No período de seis meses, conseguimos treinar quase todos os facilitadores do centro de saúde distrital e mais de 1.300 dos novos agentes da saúde. O plano é terminar de treinar todos eles este ano, assegurando que sejam mais eficazes e estejam totalmente integrados aos sistemas de saúde locais.

Fornecemos aos agentes da saúde bicicletas, telefones celulares, notebooks, uniformes, máscaras faciais, higienizador de mãos e outros suprimentos para iniciarem seu trabalho. Em vez de os pacientes terem que viajar vários quilômetros até o centro de saúde mais próximo, nossos voluntários levam os testes de malária e medicamentos diretamente às comunidades rurais. Já estamos vendo um aumento no número de casos sendo rapidamente diagnosticados e tratados.

Os agentes da saúde, que são membros das comunidades, coletam dados que nos ajudam a entender onde mais suprimentos médicos e de combate à malária são necessários, e os centros distritais gerenciam o programa localmente para garantir sua sustentabilidade. Já realizamos orientações com mais de 200 líderes religiosos, tradicionais e cívicos, os quais fazem parte deste esforço. Também estamos lançando campanhas de conscientização pública pelo rádio e programação comunitária. Nosso papel é apoiar a estratégia do Centro Nacional de Eliminação da Malária da Zâmbia e fortalecer o sistema de saúde em geral a longo prazo. Para garantir que o programa esteja gerando mudanças positivas e operando eficientemente, meu colega de projeto e eu acompanhamos e mensuramos todos os aspectos do nosso trabalho. Precisamos saber que as horas e recursos dedicados pelos associados do Rotary e organizações parceiras estão causando um verdadeiro impacto.

Vencendo desafios 

Nosso trabalho enfrentou alguns desafios. Quando os casos da covid-19 atingiram o auge na Zâmbia, tínhamos iniciado a fase de implementação há apenas três meses. Houve um lockdown parcial, com a suspensão de eventos públicos – o que atrasou nosso cronograma de treinamento e a entrega de equipamentos aos agentes da saúde. Tivemos que ajustar o tamanho dos grupos e orçamento, mas conseguimos manter o andamento dos trabalhos graças aos esforços e à inovação dos associados do Rotary e de nossos parceiros. 

Inspirando novos clubes

Rotarianos e rotaractianos das províncias da Zâmbia Central, Copperbelt, Luapula e Lusaka investiram mais de 2.300 horas no esforço, demonstrando o compromisso coletivo da nossa organização com a eliminação da malária. Os associados estão organizando e facilitando o treinamento dos agentes da saúde e educando os participantes sobre o trabalho do Rotary – o que, por sua vez, está inspirando a formação de novos clubes nas províncias de Central e Muchinga. Unidos pela paixão por serviços humanitários, estamos fazendo novas amizades e expandindo nosso alcance nas comunidades. Assim como eu, as pessoas querem fazer parte da solução para proteger seus filhos, famílias e amigos contra a malária. É muito bom saber que associados do Rotary em toda a Zâmbia — e ao redor do mundo— estão trabalhando juntos em direção a uma meta em comum. 

Saiba mais sobre a Subsídios de Grande Escala e a Parceria pelo Fim da Malária na Zâmbia

Sobre o autor: Eric Liswaniso passou 10 anos trabalhando no serviço público antes de ingressar na Malaria Partners Zambia, que faz parte da Malaria Partners International e foi fundada por associados do Rotary para eliminar a malária. Ele está usando sua paixão pelo Rotary e sua experiência em desenvolvimento socioeconômico, gerenciamento de projetos e engajamento comunitário para aumentar a conscientização e inspirar as pessoas a se envolverem nos esforços para eliminar a malária na Zâmbia.

Uma resposta em “Trabalhar pelo fim da malária na Zâmbia é algo pessoal

  1. Sou brasileiro, nascido em Porto Alegre-RS, morando Brasília-DF. Muitas vezes viajei para Angola e em uma oportunidade tive MALÁRIA. Os médicos pensavam que tinha contraído outra doenças e em 3 semana emagreci 10 quilos. Quase morri.

    MALÀRIA é terrivel.

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