Rotary: projeto em Fortaleza ajuda comunidade de apoio à saúde mental

Por Aurea Santos, estrategista sênior de Conteúdo e Relações Públicas no escritório do Rotary International no Brasil

Pobreza, baixa escolaridade, desemprego. Essa triste combinação é facilmente encontrada em diversas comunidades em todo o Brasil. Em Fortaleza (CE), o cenário não é diferente, mas tudo isso afeta a saúde mental das pessoas. E é no bairro Bom Jardim, um dos mais violentos da cidade, que se encontra o Movimento de Saúde Mental Comunitária, o qual já atendeu mais de 15 mil moradores. Como uma iniciativa tão grande não se sustenta sozinha, muitos parceiros vieram ao longo de seus quase 30 anos, incluindo o Rotary Club de Fortaleza-Dunas, que ajudou a dar sustentabilidade a esse trabalho coletivo.       

O rotariano Julio Lóssio (esq.) conversa com o padre Rino Bovini em frente a poço construído por projeto do Rotary

A comunidade foi fundada pelo padre italiano Rino Bovini. Missionário católico e médico psiquiatra, Rino recebeu da igreja a missão de desenvolver um serviço de saúde mental comunitário. Assim, em 1996, ele fundou a comunidade na capital cearense em um espaço cedido por uma família também italiana.

“O movimento de saúde mental nasceu para atender pessoas com ansiedade, depressão, pânico, dependência química, transtorno de estresse pós-traumático. Começamos acolhendo e escutando as pessoas”, explica o padre.

O trabalho de escuta e acolhida abriu espaço para diferentes núcleos e atividades que apoiam a recuperação da autoestima das pessoas. Atualmente, o movimento conta com oito centros, sendo cinco deles dedicados a atender crianças.

Sustentado com a ajuda de organizações nacionais, internacionais e parceiros, os núcleos oferecem ajuda, mas também precisam de muito apoio. “O Rotary viu um problema muito sério, de falta de energia e água”, conta Julio Lóssio, associado do Rotary Club de Fortaleza-Dunas que esteve à frente do projeto que investiu mais de R$ 208 mil para levar água, energia solar e maquinário agrícola a núcleos do movimento de saúde mental. O projeto teve aportes de clubes do Ceará, Maranhão e Piauí, além de clubes da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e da Fundação Rotária.

Uma das frentes do movimento, localizada no núcleo chamado de Marrocos, que atende crianças de 5 a 14 anos em situação de vulnerabilidade, funcionava desde 2005 sem água para beber ou ser usada nos sanitários.

Assim, o Rotary perfurou um poço para oferecer água ao local, que passou a funcionar em 2020. “Queremos propiciar ao Marrocos o que eles precisam para poder operar”, afirmou Lóssio. No núcleo Marrocos, as crianças recebem, no contraturno escolar, alimentação e capacitação social para ajudar em seu desenvolvimento.

No total, o Rotary instalou três poços em núcleos da comunidade, dois no Marrocos e um no núcleo Siqueira. A comida servida às crianças também vem de um sítio próprio, localizado em Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza, onde são criadas galinhas e produzidos ovos e leite. Para ajudar nessa produção, o Rotary forneceu ainda quatro máquinas agrícolas, tornando mais fácil o trabalho realizado ali no campo.

Energia solar e gastronomia

Na Casa AME, o movimento oferece diferentes cursos à comunidade. Ali, funcionam uma escola de robótica, uma escola de gastronomia, uma casa de artes e o buffet Giardino, que serve alimentos em festas de Fortaleza.

Painéis solares instalados por projeto do Rotary Club de Fortaleza-Dunas beneficia escola de gastronomia e buffet da Casa AME

Foi ali que o Rotary realizou também a instalação de painéis solares, permitindo uma economia de 60% nos gastos com a conta de energia. E essa energia elétrica que chega a custo reduzido ajuda a promover uma série de benefícios para aquela comunidade.

A escola de gastronomia, por exemplo, já formou turma em chocolateria, confeitaria, panificação e doceria de vitrine. Dessa escola é que nasceu o buffet Giardino, que hoje emprega pessoas como a Suemy Leitão. Ela conta que começou ali fazendo quentinhas, até que foi convidada para participar de eventos.

“Eu me envergonhava de falar com as pessoas da alta sociedade. Aí, fui para um evento e me colocaram para falar. Ali, eu perdi a timidez”, conta. Seu talento é tanto que rendeu um reconhecimento oficial da Universidade Federal do Ceará (UFC). A UFC me promoveu como sous chef. Fui certificada pela UFC por notório saber e, hoje, eu sou chef”, completa.

Suemy teve seu talento reconhecido pela Universidade Federal do Ceará

Deixe um comentário