Iniciativa ajuda mulheres de Uganda a saírem da pobreza extrema

Por Jennifer Montgomery, ex-bolsista de Centro Rotary pela Paz e cofundadora, presidente e CEO da Magenta Girls Initiative

Um sábio disse certa vez que o desconforto é o preço que pagamos para termos uma vida significativa. Como Bolsista Rotary pela Paz, aprendi que a única maneira de realizar sonhos é saindo da zona de conforto, e que a bolsa do Rotary traz a responsabilidade de dar continuidade ao que foi iniciado.

Gorett Komurembe e Jennifer Montgomery: fundadoras da Magenta Girls Initiativa

Essa responsabilidade de “dar continuidade” me motivou a fundar a Magenta Girls Initiative, uma organização não-governamental internacional que capacita meninas e jovens ugandesas para que superem as normas sociais impostas às mulheres, a pobreza geracional, a violência baseada em gênero, e também traumas diversos, como o provocado pelo tráfico humano. Para mim, a iniciativa tem também um forte aspecto pessoal. Por ter sido abusada sexualmente, eu tenho um profundo compromisso em ajudar outras pessoas a encontrar paz interna para que transformem suas vidas.

Eu fundei a Magenta Girls junto com a Gorett Komurembe, que é de Uganda e também foi Bolsista Rotary pela Paz, e mais duas rotarianas de Uganda que são da área educacional e especialistas em assuntos de gênero. A Gorett e eu temos mais de 25 anos de experiência combinada em criação e implementação de intervenções eficazes para meninas e mulheres vulneráveis em diferentes partes do mundo. Em maio, decidi me dedicar integralmente à expansão de nossa organização, almejando criar programas baseados em evidências que pudessem ser reproduzidos em outras comunidades vulneráveis da África.

Universidade Makerere

Tudo começou enquanto eu estava no Programa de Aperfeiçoamento Profissional da Universidade Makerere, em Kampala, Uganda. Durante uma visita a um assentamento urbano irregular em Kampala com meus colegas de classe, conheci algumas mulheres que trabalhavam em um bordel. Elas expressaram um forte desejo de obter educação formal e habilidades que lhes garantissem meios mais seguros de sustento para poderem abandonar a prostituição. Eu decidi colocar minha experiência em prática e contar com as parcerias que fiz durante o período da bolsa de estudos para criar algo que modificasse a situação dessas mulheres. Nós nos concentramos em aumentar o nível de resiliência e ensinar técnicas de liderança a 70 dessas guerreiras, que viviam em extrema pobreza, enfrentavam violência sexual generalizada, tráfico humano, insegurança alimentar e riscos de doenças como HIV/aids.

O que começou como a minha iniciativa de mudança social evoluiu para a Magenta Girls Initiative, a organização sem fins lucrativos que fundei com a ajuda de rotarianos de Uganda e do meu estado natal, o Kansas, nos Estados Unidos. Em seguida, foi realizado um projeto financiado por Subsídio Global entre o Rotary Club que foi o meu anfitrião em Uganda e o Distrito 6080 (EUA), que contou com o apoio de clubes do Kansas e de outros países.

Alunas em aula do curso, onde aprendem corte e costura, técnicas de liderança, etc.

A Magenta Girls empodera meninas e mulheres em situação de risco dando-lhes educação formal e aprendizado, habilitando-as a ganharem seu sustento de forma segura e sustentável, fora da indústria do sexo. Nós oferecemos a elas suporte educacional, mentoria, assistência em casos de violência de gênero, segurança alimentar e apoio psicossocial.

Ubuntu

Graças à generosidade de alguns rotarianos, no ano passado conseguimos treinar 10 mulheres em corte e costura e como cabeleireiras. Cada uma delas teve que superar sérios desafios pessoais para concluir o curso profissionalizante de seis meses. A Magenta Girls lhes forneceu as verbas necessárias para que dessem início aos seus pequenos negócios para que, um dia, conquistem independência econômica e autonomia própria.

Na Magenta Girls, temos como guia os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, que incluem tirar meninas e mulheres da pobreza e abrir o caminho para que elas se tornem membros autossuficientes e produtivos nas suas comunidades.

Ubuntu é uma filosofia africana de humanidade, do respeito básico e solidariedade entre as pessoas. A prática de Ubuntu engloba compaixão e força, e liga a minha humanidade à do outro.

Vamos continuar trabalhando juntos, bolsistas e associados do Rotary, para liderar as mudanças e construir a paz no espírito de Ubuntu, com compaixão, ação e humanidade!

Jennifer é presidente e CEO da Magenta Girls Initiative. Atualmente, ela serve como especialista em assuntos de tráfico humano e violência baseada em gênero para a Attorney General Alliance-Africa. Jennifer foi diretora de orientação e divulgação sobre questões de tráfico humano na Procuradoria Geral do Kansas por 10 anos, e presidiu o Conselho Consultivo sobre Tráfico Humano do Kansas. Ela também é escritora e consultora de cinema na Capture Humanity, uma entidade de artistas que dá voz às vítimas de abusos dos direitos humanos.

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