É assim que líderes de laboratório são: vozes de mulheres liderando inovações laboratoriais para erradicar a pólio

No programa de erradicação da pólio, as mulheres são forças com que contar. Elas têm papéis importantes e integrais em todos os níveis do programa. Aqui, nós mostramos as perspectivas de quatro mulheres do Escritório Regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental que trabalham com inovações digitais para guiar sua tomada de decisões.

Lidando com normas sociais

Gizé, Egito, é o lar das renomadas pirâmides e de uma maravilha médica da idade moderna – o Laboratório Regional de Referência em Pólio (RRL) na holding Empresa Egípcia para Produtos Biológicos e Vacinas (VACSERA).

A diretora do laboratório regional de referência da pólio, Amira Zaghloul supervisiona cinco departamentos diferentes, trabalhando de perto com seu time de 25 pessoas. Regularmente, eles conduzem testes diagnósticos do poliovírus em amostras de fezes obtidas de crianças, assim como de amostras de esgoto do Egito. Além disso, eles também fazem o sequenciamento de amostras que foram identificadas como positivas para a pólio no Egito, Irã, Iraque, Jordânia, Sudão e Síria, o que determina se os poliovírus confirmados estão relacionados a quaisquer outros. O objetivo é cumprir prazos apertados para responder rapidamente a qualquer detecção do poliovírus.

Dra. Amira Zaghloul ©WHO/Pakistan

Como seus homólogos na região, Zaghloul e seus colegas contam com as mais modernas tecnologias laboratoriais e digitais. Com o apoio de seus parceiros, eles atualizam suas tecnologias e habilidades regularmente para garantir o tempo mais curto possível entre a coleta de amostra e a entrega de resultados. Logo, por exemplo, Zaghloul e sua equipe irão adquirir a próxima geração de tecnologia de sequenciamento – que irá ajudar a testar o genoma inteiro de um vírus, ou materiais genéticos que compõe um vírus, e identificar quaisquer mutações. Isso também irá ajudar a determinar a origem dos poliovírus detectados, e a rastrear padrões epidemiológicos de disseminação.

Seu trabalho, porém, não vem sem desafios. Assim que assumiu o cargo, Zagloul encarou percepções sociais negativas de ser uma líder mulher de um time misto de homens e mulheres. Para lidar com isso, Zaghloul introduziu novas regras e regulações que se aplicam a todos, independente de idade ou gênero.

Pessoas trabalhando na saúde devem exemplificar o espírito de perseverança, devoção, esperança e ambição – independentemente de seu gênero – ela enfatiza.

Negociando para receber amostras para testes da pólio

Quando a Dra. Hanan Al Kindi finalmente decidiu o que estudar – entre virologia, medicina ou administração – ela não tinha ideia de que precisaria de habilidades de negociação em seu emprego. Como chefe de nove departamentos de laboratórios de pólio e sarampo que testam amostras do Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos e Iêmen para poliovírus, a Dra. Al Kindi garante que tudo funcione como um relógio.

Dra. Hanan Al Kindi ©WHO/Pakistan

Muitas vezes, isso inclui pensar fora da caixa. Depois de notar atrasos enormes nas entregas de amostras de fezes – usadas nos testes de poliovírus – do Iêmen para Omã, a Dra. Al Kindi arregaçou as mangas e entrou em ação. Ela ficou sabendo que após dirigir por montanhas e desertos para alcançar as fronteiras e Omã, os caminhões refrigerados que transportam as amostras de fezes eram retidos na fronteira para horas para inspeção. A Dra. Al Kind e seu time pegaram os contados dos oficiais de fronteira e os convidaram para uma conversa.

Suas excelentes habilidades de negociação e capacidade de ler a situação – para entender quando tomadores de decisão periféricos como os oficiais de fronteira e transportadores precisavam de mais contexto sobre o papel do laboratório em salvar as crianças de pólio – acabaram ajudando a reduzir a burocracia na fronteira. Isso significa que a Dra. Al Kindi e seu time podem fazer os testes de poliovírus e entregar os resultados para o programa da pólio no Iêmen em menos tempo que antes. Isso permite repostas rápidas a surtos, incluindo campanhas de imunização para proteger as crianças da pólio.

Trabalhando em um ambiente equitativo

A Dra. Nayab Mahmood exerce um papel vital em garantir que as amostras sejam testadas para o poliovírus o mais rapidamente possível para intervenções em tempo adequado no Afeganistão e Paquistão – os únicos dois países em que ainda há ocorrência natural do poliovírus.

 Dra. Nayab Mahmood ©WHO/Pakistan

A Dra. Mahmood é uma virologista servindo o programa da pólio do Laboratório de Referência Regional da Pólio no Instituto Nacional de Saúde do Paquistão em Islamabad. Seu papel envolve complicados procedimentos técnicos, incluindo diagnósticos moleculares e sequenciamento genético do genoma do poliovírus. Esse trabalho ajuda a determinar como os poliovírus selvagens estão se disseminando pelos dois países endêmicos.

Ser parte de um programa de emergência significa que a Dra. Mahmood e seus colegas precisam estar disponíveis 24 horas por dia – um ritmo que é impossível de manter sem sentir um impacto em sua vida pessoal. Ela sente que a melhor maneira de manter um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é que cada membro do time comunique suas necessidades com os outros, o que ajuda os líderes de programa como ela a definir políticas e programas que permitam um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Grata por não ter tido que desafiar nenhum estereótipo relacionado à dinâmica de gênero em seu papel, a Dra. Mahmood atribui isso a diretivas em seu local de trabalho que apoiam a igualdade de gênero e à cultura individual de seu time. Esses atributos se misturaram para criar um ambiente equitativo onde todos podem usar suas habilidades.

Compartilhando habilidades raras e muito necessárias

Chefe do Laboratório de Virologia Clínica no Instituto Pasteur de Túnis, a professora Henda Triki faz um esforço concentrado para compartilhar seu conhecimento com outros. Seu espírito altruísta vai além de seu laboratório, principalmente porque sua especialidade no trabalho ainda é rara no Norte da África: ela ensina virologia na Faculdade de Medicina de Túnis, e constantemente está de olho em como atualizar as habilidades de seu time e a tecnologia no trabalho.

Professora Henda Triki ©WHO/Pakistan

A professora Triki tem um estilo de liderança colaborativa no trabalho, o que resulta no compartilhamento de suas habilidades de construção de time com seus colegas – o que já os ajudou a lidar com desafios anteriormente, incluindo durante a pandemia de Covid-19. Em meio ao caos e ansiedade durante a pandemia, a professora Triki e seu time tiveram fortes momentos de solidariedade e trabalho colaborativo.

A professora Triki quer que suas colegas mulheres tenham orgulho de trabalhar para o programa de erradicação da pólio, já que ele oferece grandes oportunidades. Ele tem permitido a mulheres se destacar de outras ao adquirir habilidades que outros laboratórios não têm. Ela fica feliz em destacar que agora há muitas mulheres que são a cara do trabalho de laboratório especializado na região do Mediterrâneo Oriental.

Texto publicado originalmente em inglês no site da OMS.

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