Por que eu apoio a igualdade de gênero

Por Shekhar Mehta

O ex-presidente do Rotary International, Shekhar Mehta, reflete sobre a importância do empoderamento de meninas

Eu concordo plenamente com a seguinte observação de especialistas do Unicef em Gana em um blog publicado no início deste ano: “quando as meninas são saudáveis e têm acesso à educação, sociedades inteiras se beneficiam do crescimento econômico, da redução da pobreza e de melhorias no bem-estar das crianças – reforçando as perspectivas para a próxima geração”.

Rokiatou, de cinco anos de idade, aprende matemática na Costa do Marfim, em 2022. Durante a pandemia da covid-19, milhões de crianças em idade escolar em todo o mundo foram impedidas de frequentar aulas presenciais. – UNICEF/UN0613239/Dejongh    

Tenho a sorte de vir de uma família onde mulheres e meninas tiveram as mesmas oportunidades que meninos e homens. Minha mãe foi uma das primeiras mulheres a se formar na Universidade Nacional de Jodphur e minha filha está fazendo doutorado. No entanto, nem todas as mulheres e meninas na Índia ou outras partes do mundo têm as mesmas oportunidades ou o mesmo acesso a recursos. Para cada menina que busca a educação, há outra que é obrigada a cuidar da família e trabalhar para ajudar a sustentá-la. Eu tenho testemunhado tal disparidade em áreas extremamente carentes da minha própria cidade, a poucos quilômetros da minha casa, e estou particularmente consciente de como tais desigualdades foram exacerbadas pela pandemia.

Segundo o Unicef, crianças em idade escolar em todo o mundo perderam cerca de 1,8 trilhão de horas de aprendizado presencial desde o início da pandemia. Estudos revelaram que as interrupções pandêmicas afetaram mais as meninas, as quais foram forçadas a se concentrar nas tarefas domésticas e tiveram menos apoio familiar para receber recursos educacionais, como tutores ou dispositivos móveis, em comparação com os meninos. Isso fez com que elas fossem menos propensas a retornar à escola após a pandemia. O Fundo Malala estima que mais 20 milhões de meninas podem ter desistido dos estudos devido à pandemia – somando-se aos quase 130 milhões de meninas mundialmente que já não frequentavam a escola.

Esta é também a razão pela qual o Rotary está focando no empoderamento das meninas diariamente em todo o mundo. Desde o aprendizado on-line, desenvolvimento infantil e melhorias na infraestrutura escolar e saneamento para melhorar as taxas de alfabetização na Índia, até o aprimoramento dos recursos de saúde e higiene menstrual para que as meninas no Quênia permaneçam na escola, nossos 1,4 milhões de associados reconhecem que há muitas maneiras de causar mudanças positivas e apoiar as meninas em todo o globo.

O clube do presidente do Rotary International, Shekhar Mehta, construiu cerca de 7.000 banheiros em vilarejos onde os moradores não têm sanitários em suas casas. Aqui, ele e outros associados (a partir da esquerda) Pranay Agarwal e Sandeep Shah ajudam a construir um banheiro.

Apesar do sucesso desses projetos – e de muitos outros – reconhecemos que o trabalho em prol da equidade de gênero global (conforme delineado no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas – Igualdade de Gênero) requer o compromisso mais amplo e contínuo de governos, instituições públicas e privadas, e outras ONGs e organizações sem fins lucrativos.

Para isso, devemos continuar aplicando as lições aprendidas com iniciativas que estão colocando em prática a equidade de gênero, como a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio (GPEI), na qual o Rotary tem parceria com o Unicef, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centro Norte-americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a Fundação Bill e Melinda Gates e a Aliança Gavi.

A Estratégia de Erradicação da Poliomielite de 2022-26 da GPEI reconhece o papel fundamental que as trabalhadoras da saúde desempenham para aumentar a confiança da comunidade e promover a aceitação da vacina. No Afeganistão e no Paquistão – os dois últimos países onde o vírus selvagem da pólio continua endêmico -, “o recrutamento, treinamento e retenção de mulheres como vacinadoras, mobilizadoras comunitárias e agentes de vigilância são considerados essenciais para o sucesso da campanha.”

O acesso a crianças que precisam ser vacinadas depende, muitas vezes, do trabalho incansável das agentes de saúde. Eu vi isso em primeira mão na Índia ao longo dos anos, pois tive a honra de participar com elas de Dias Nacionais de Imunização (DNIs) e de imunizações porta-a-porta em todo o país. Para capacitar uma força de trabalho liderada por mulheres que estão à frente dos esforços de imunização, são necessários mais investimentos para melhorar o acesso às oportunidades de empoderamento e responder às necessidades específicas das mulheres.

Claramente, a GPEI está no caminho certo, pois os casos de pólio foram reduzidos em 99,9% desde que o esforço foi lançado, há mais de 30 anos, e isso me inspira a continuar defendendo a aplicação da igualdade de gênero em todas as iniciativas e projetos do Rotary e nossos parceiros. Nesse sentido, discutimos as múltiplas dimensões das desigualdades de gênero em nosso evento anual com as Nações Unidas e oferecemos ações concretas que o público pode implementar para ajudar a empoderar as meninas. Embora haja muito trabalho a ser feito, estou confiante de que, se nos mantivermos concentrados em resolver essas desigualdades e enfatizarmos o valor das mulheres na sociedade, juntos, poderemos realmente melhorar o status das meninas no mundo todo.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s