
Nota do editor — Em setembro de 2020, o Rotary formou a Força-tarefa de Diversidade, Equidade e Inclusão (D.E.I.) para avaliar onde a organização se encontra em relação a esses assuntos e, ao mesmo tempo, elaborar um plano de ação abrangente para nos guiar e fazer com que valorizemos e vivenciemos esses princípios no Rotary. Esta foi a quarta entrevista com um membro da força-tarefa sobre a importância desses temas.
Jeremy Opperman entrou para o Rotary Club de Newlands, na África do Sul, em 2020. Ele nasceu com retinite pigmentosa, uma condição ocular deteriorante que pode levar à cegueira total. Jeremy fala, escreve e dá consultoria sobre tópicos como trabalhadores com deficiência no mundo corporativo, acesso universal a deficientes e abordagens estratégicas para a sua inclusão.
Como a condição de saúde que você possui moldou sua perspectiva quanto a questões de deficiências?
Não foi a minha deficiência visual que me levou à atuação profissional na área de diversidade e também como especialista em equidade. Antes disso, tive uma carreira bem-sucedida por mais de 10 anos. O que a minha cegueira fez foi me dar credibilidade no assunto e entendimento sobre grandes causadores de privação. Como resultado, consegui entender o assunto em primeira mão e de modo empático.
Você abriu uma consultoria de marketing de RH e tem se concentrado em questões de diversidade e deficiência, com interesse particular na integração de deficientes. Quais são algumas lições ou insights que você espera compartilhar com líderes do Rotary em todos os níveis para criarmos uma experiência mais inclusiva para todos?
Aprendi muito com meus clientes e comecei a ver padrões quase que imediatamente, não importando se se tratava de ONGs, corporações ou órgãos governamentais. Lições como as que aprendi são importantes e precisam ser transmitidas a uma organização como o Rotary, para que os mesmos erros não se repitam. Uma das razões mais óbvias pelas quais as corporações lutam contra a deficiência e a diversidade é porque suas lideranças não estão verdadeiramente investidas no assunto. É vital que essas lideranças se importem e se informem bem sobre diversidade, especialmente no que diz respeito à deficiência, por ser algo complexo e cheio de nuances. Um aspecto interessante sobre equidade em termos de deficiência é que todos podem se identificar com isso, pois qualquer um conhece alguém com deficiência ou pode vir a ficar deficiente.
Outra lição que aprendi é que muitas vezes há progresso no que diz respeito à diversidade, mas as organizações podem estar fazendo isso de forma reacionária. Não podemos cair na armadilha de tapar buracos aqui e ali. Além disso, há a tendência de confinar as ações de diversidade a algumas ilhas, sem conexão com o restante da empresa. É muito importante assegurar que haja integração em todos os departamentos de uma organização como o Rotary, evitando o isolamento destas ações. Isso é estratégia; e não somente algo que se faz aqui e acolá.

Você escreveu sobre as diferenças entre uma compreensão superficial de acessibilidade – como acesso para cadeirantes – e uma compreensão mais completa do que significa equidade quando se trata de deficiência. Quais são algumas barreiras que as pessoas em geral, e os rotarianos em particular, muitas vezes ignoram ao criar ambientes onde todos possam participar em pé de igualdade?
Há uma grande barreira em termos de atitude que nos impede de abraçar as deficiências para que haja uma inclusão geral porque, por inúmeras gerações, persistiu o paradigma de exclusão, não muito diferente do paradigma que manteve as mulheres à margem por milênios. Estamos no final deste status quo, mas é difícil desfazer algo que persiste há tanto tempo.
Uma das coisas que eu gosto de escrever ou dizer é que as barreiras físicas não se erguem por si só; são as pessoas que erguem tais barreiras. Quanto mais pensarmos sobre como incluir os deficientes físicos, maior será a sua acessibilidade. Isso é o que quero dizer com barreira de atitude. Para superar as barreiras físicas, é preciso superar as de atitude, e isso constitui nosso maior desafio.
Também é vital reconhecermos que existe a questão da acessibilidade digital, que afeta não apenas os deficientes visuais como também os disléxicos e os idosos. Precisamos garantir que a internet, o espaço e a infraestrutura digitais sejam mais acessíveis e inclusivos. E precisamos ser bastante firmes e resolutos como organização empenhada em solucionar este tipo de problema.
Por que é benéfico para todos que a equidade no que ser refere a deficiências seja uma prioridade em tudo o que fizermos?
Porque a inclusão faz mais sentido do que a exclusão. Se excluirmos as pessoas, mesmo que o façamos sem nos darmos conta, excluímos mais do que apenas um indivíduo. Por exemplo, todos nós gostamos de ir a restaurantes, não é? Agora, imagine um grupo de quatro pessoas que quer se encontrar para um jantar e uma delas é cadeirante, mesmo que seja por uma razão temporária. Será que daria para este grupo ir a qualquer restaurante? É mais provável que não, por causa da limitação de acesso a cadeirantes. No caso, este estabelecimento comercial não perdeu apenas o cadeirante como cliente, como também os outros três integrantes do grupo.
A inclusão de deficientes tem todo o nexo do ponto de vista comercial. É por isso que vemos shopping centers tendo um cuidado maior em prover acesso a portadores de deficiências, e muitos mais estão se dando conta de atender esta necessidade. Partindo de uma perspectiva rotária, se quisermos crescer mais, não podemos nos dar ao luxo de perder gente por falta de consideração e descuido, ou pior ainda, por exclusão de forma velada. Precisamos abraçar a inclusão para que possamos, de fato, atrair mais gente.
Boa tarde
Como caadeirante, poderia passar horas relatando problemas de Acessibilidade em Restaurantes, ciclovias, restaurantes, Clubes , Hospitais Dentistas, consultórios medicos etc.
A visão errônea de acessibilidade entre Defiiciente e Cadeirante .
Os projetistas e entidades esquecem que a Cadeira de Rodas não é acessórios e sim parte integrante do Cadeirante, precisa de espaço para entrar, girar permitindo nos banheiros o acesso para transferência para o vaso sanitário e lavatório.
Cadeirante não é MALABARISTA .NÃO É EQUILIBRISTA.
É SER HUMANO COM DIREITO DE IR E VIR ONDE E QUANDO QUISER.
Sem passar pela humilhação da falta de acesso.
Angela Victorio
RCRJRIOCOMPRIDO-IMAGEM PÚBLICA- D.4571
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