Por Patience Rusare, bolsista do Centro Rotary pela Paz na Makerere University
Quando me candidatei à Bolsa Rotary pela Paz em março de 2020, escolhi deliberadamente o novo Centro Rotary pela Paz em Makerere, Uganda.
No formulário de inscrição à bolsa, eu disse: “Minha primeira preferência é a Universidade de Makerere em Kampala, Uganda. Makerere fica no coração da região dos Grandes Lagos, onde, tanto hoje como no passado, acontece a maioria dos conflitos da África. Estudar na Universidade de Makerere proporcionará uma proximidade estratégica com as comunidades afetadas por tais conflitos, oferecendo um terreno fértil para estudos de casos relacionados ao programa.” E estou feliz com a escolha.

A Bolsa Rotary pela Paz na Universidade de Makerere oferece o lado prático da construção da paz. Como parte do programa, os bolsistas devem projetar e implementar uma iniciativa de mudança social em suas comunidades. Como jornalista de direitos humanos, eu havia feito a cobertura da crise política do Lesoto (2014-2015), o conflito tuaregue no Mali (2014-2015) e a crise política do Zimbábue (2013-2018), e percebi que os jornalistas estavam promovendo contestações políticas e endossando ideologias concorrentes. Foi então que decidi me especializar em jornalismo de paz e ajudar a incutir um senso de responsabilidade entre os jornalistas, equipando-os com habilidades para relatar e estruturar suas histórias sob a perspectiva de paz.
O objetivo geral da minha Iniciativa de Jornalismo de Paz é usar a mídia como plataforma para promover o diálogo nacional e a reconciliação no Zimbábue. O programa de treinamento beneficiou pelo menos 25 jovens jornalistas, contadores de histórias, produtores de curtas-metragens e jornalistas da web, os quais aprenderam técnicas de narração de histórias sensíveis a conflitos. Algumas das sessões foram híbridas com mais de 15 jovens jornalistas ugandenses participando e trocando ideias.
O programa foi facilitado por um painel de especialistas em jornalismo de paz dos Estados Unidos, Uganda, Nigéria e Zimbábue
Uma das sessões de treinamento com o Professor Youngblood incluiu tempo para uma introspecção sobre a posição da mídia zimbabuense. Algumas das reflexões mostraram que os jornalistas da mídia estatal e privada não relatam a narrativa real das vítimas de conflitos, mas sim usam o alto sensacionalismo e são pouco objetivos. A maioria dos jornalistas revelou que grande parte de suas histórias contém muita linguagem negativa que frequentemente culpa alguém, o que contribui para a escalada do conflito.
Para possibilitar o jornalismo de paz, pedimos para os 25 jovens jornalistas serem proativos, examinarem as causas do conflito, buscarem maneiras de incentivar o diálogo antes que a violência ocorra e explorarem soluções ao relatarem conflitos. O programa, que acontecerá durante as eleições de Zimbábue em 2023, reforçará o valor da defesa da paz e combaterá o estilo sensacionalista, inflamatório e unilateral da reportagem.
A oportunidade de estudar e explorar a paz e o conflito em Uganda, e conhecer tantas pessoas dedicadas, me deixou inspirada e comprometida com esta forma de trabalhar pela paz e justiça em nosso mundo.
Sou muito grata à Fundação Rotária, ao Centro Rotary pela Paz da Universidade de Makerere e ao Rotary Club de Chitungwiza por terem me dado esta oportunidade de ouro, não apenas para estudar a paz e os conflitos, mas também explorar diferentes culturas e tradições e contribuir à paz global.Patience Rusare é Bolsista Rotary pela Paz na Universidade de Makerere. Ela é uma jornalista premiada do Zimbábue com mestrado em ciência da paz, liderança e resolução de conflitos.
Saiba mais sobre as Bolsas Rotary pela Paz.