Por Sebastian Adami, associado do Rotaract Club de Klagenfurt-Wörthersee, Áustria
Na noite de 2 de março, parti com uma equipe de rotaractianos e colegas de seis países para levar suprimentos emergenciais aos contatos que nos aguardavam nas proximidades da fronteira entre Polônia e Ucrânia. Nosso comboio de cinco veículos viajou por toda a madrugada para chegar lá. Ficamos animados com a reação das pessoas pelo caminho, piscando seus faróis ou nos dando outros sinais de encorajamento ao verem nosso comboio e as bandeiras que identificavam o que estávamos fazendo.

A iniciativa foi possível graças à maravilhosa rede de contatos do Rotary. Como todo mundo, fiquei horrorizado com as imagens da Ucrânia após a invasão russa, em 24 de fevereiro. Muitos haviam perdido tudo – seus pertences, suas casas e até mesmo seus entes queridos. Quanto mais eu via as pessoas tendo que procurar refugiados no metrô ou em abrigos, e a imensa quantidade de pessoas deslocadas em busca de segurança em outros países, mais eu sabia que precisava fazer algo. Contatei meus companheiros no Rotaract Club de Klagenfurt-Wörthersee e nos unimos para ajudar.
Dentro de pouco tempo, montei uma campanha de arrecadação de fundos com Ivana Tadic, associada de longa data, e Anna Bäuchler, presidente do nosso clube, com o apoio ativo dos outros integrantes. Em um fim de semana, coletamos muitas doações de familiares, amigos e colegas de trabalho, incluindo comida enlatada, água, sacos de dormir, geradores e medicamentos. Mas a pergunta era de que maneira iríamos enviar tais itens.

Como parte da nossa campanha, eu havia contatado uma antiga colega de trabalho, Alessia Sasina, que nasceu em Kiev. Ela também estava arrecadando doações. Mas foi só quando conversamos com Max Aichlseder que tivemos a ideia de levar as doações para a fronteira entre a Polônia e a Ucrânia. Ele nos cedeu alguns veículos para o transporte, e pudemos carregá-los tanto com as nossas doações quanto as coletadas pela Alessia. Por meio de amigos na Ucrânia e com a assistência do Conselho Honorário Ucraniano, de Nils Grollitsch e da rede do Rotaract, fomos informados dos itens mais necessários no país.
Em direção à fronteira
Partimos em 2 de março e viajamos a noite toda para chegar à fronteira na manhã seguinte. Quanto mais nos aproximávamos, mais calmos ficávamos. Estávamos cientes da situação em que estávamos nos metendo, mas fomos impulsionados pelo apoio que vimos ao nosso redor. Por razões de segurança, decidimos encontrar nossos contatos um quilômetro antes da divisa.

Depois de mais de 1.100 quilômetros e 14 horas de viagem, chegamos. Foi uma sensação indescritível que jamais esquecerei. A gratidão foi enorme, e nosso coração se encheu de emoção. De lá, os itens foram transportados para Kiev, Kharkiv, e Zhytomyr. Concordamos em levar conosco algumas pessoas que estavam fugindo do conflito, principalmente mulheres e crianças. Elas estavam exaustas, mas aliviadas por terem conseguido chegar ali em segurança após muitas horas na estrada. Antes mesmo de voltarmos à Áustria, já estávamos recebendo fotos e vídeos mostrando que nossas doações haviam chegado aos hospitais e pessoas necessitadas.
Segundo comboio
Como nossa primeira campanha foi tão bem-sucedida, montamos um segundo comboio em 15 de março. Mais uma vez, conversamos com nossos contatos dos Rotaract Clubs para saber que itens eram os mais necessários. O clima da segunda viagem foi um pouco diferente da primeira. Havia muito mais atividade nas estradas e, no caminho para a fronteira, vimos vários comboios humanitários em direção à Ucrânia.
Olhando para trás, fico incrivelmente orgulhoso do que realizamos juntos em tão pouco tempo. Foi uma das experiências mais importantes da minha vida. Fomos um dos primeiros comboios da Áustria a levar doações para a Ucrânia, se não o primeiro. Ajudamos o máximo que pudemos sem hesitar e, com o apoio dos nossos contatos do Rotaract e do Rotary, os itens chegaram onde eram necessários.
A Fundação Rotária criou um canal de apoio humanitário direto na região da Ucrânia. Saiba mais sobre o nosso trabalho pelo Twitter, Facebook, Instagram, LinkedIn e Rotary.org.