
Por Samson Tesfaye Woldetensaie, último ex-governador assistente do Distrito 9212, Adis Abeba, Etiópia.
Importância de evidências e de dados
O meu Rotary Club, de Addis Ababa Central-Mella, está fazendo um projeto hídrico para a abertura de poços em 24 comunidades rurais no sul da Etiópia. As evidências e dados que coletamos nos ajudaram a identificar as necessidades comunitárias e determinar as melhores maneiras de saná-las.
Nosso projeto visa melhorar a qualidade de vida dos moradores que não têm acesso à água limpa, os quais costumam caminhar por muito tempo para buscar água, que na maioria das vezes é suja e contaminada.
Avaliação das necessidades
Todo projeto do Rotary começa com uma avaliação para se conhecer mais a fundo as necessidades da comunidade. Costumamos conversar com representantes de ONGs, órgãos governamentais e da própria comunidade sobre o que ela de fato precisa.
No caso do projeto em questão, após tomarmos conhecimento por intermédio de uma ONG local de que uma comunidade precisava de assistência, visitamos a área para ver de perto a situação e conversar com os moradores e as partes interessadas. Vimos mulheres e crianças gastando cerca de três horas por dia somente para buscar água, tempo que poderia ser melhor empregado na escola, em atividades extracurriculares ou mesmo na execução de tarefas domésticas. Para esta iniciativa, contamos com a colaboração do Rotary Club de Northwest Austin e de outros parceiros locais e internacionais.
Os moradores da região deste nosso projeto sofrem dos mesmos problemas enfrentados pela maioria dos etíopes da zona rural: falta de acesso à água limpa. Via de regra, eles não possuem conhecimentos nem exercem práticas para um bom saneamento e higiene, o que faz aumentar a incidência de doenças transmitidas pela água, como problemas estomacais, diarreia e febre tifoide. Para agravar a situação, os moradores não dispõem de serviços de saúde nas redondezas, forçando-os a percorrer longas distâncias para receberem assistência médica a um custo elevado.
Estes são elementos cruciais para se entender os problemas do país africano.

Coleta de dados
Observação é a chave para a coleta de dados. Acompanhamos os moradores até a fonte d’água e marcamos o tempo de ida e volta. Fazemos entrevistas, onde é frequente descobrirmos que as mulheres são as formadoras de opinião.
As entrevistas são realizadas de forma seletiva a fim de se conhecer várias perspectivas. Perguntamos quem é a pessoa mais influente, a mais conhecida e a responsável pela administração local. Procuramos obter estas respostas de diferentes segmentos da comunidade, usando as ferramentas fornecidas pelo Rotary International. Geralmente, conseguimos respostas a todas as nossas perguntas, porém, às vezes precisamos fazer algumas adaptações às ferramentas.
Compartilhamos nossas experiências com diferentes parceiros e partes interessadas. A título de exemplo, o trabalho com uma ONG local ou internacional especializada em recursos hídricos nos ajuda a elaborar um plano de sucesso. Como essas ONGs têm experiências e capacidades singulares, basta a nós observarmos e nos certificarmos de que tudo seja feito corretamente. O conhecimento especializado é sempre bem-vindo e essencial aos nossos projetos.
Divulgamos a outros Rotary Clubs da Etiópia a experiência que ganhamos com os projetos hídricos. Alguns deles, inclusive, nos procuram para aprender os passos necessários para a realização de um projeto de sucesso.
Avaliação do impacto baseada em evidência
A dois anos atrás, concluímos um projeto hídrico em outra parte da Etiópia. Voltamos ao local alguns meses mais tarde e ficamos satisfeitos ao ver que o poço d’água estava funcionando e era utilizado pela comunidade. Conversamos com as crianças e elas disseram que não estão mais faltando às aulas porque a água está ali do lado, e não precisam mais gastar tempo para buscá-la, como faziam antes. A funcionária da saúde que cuida daquela região nos informou que, tempos atrás, alguém ficava doente dia sim dia não por ingerir água contaminada, o que deixara de ocorrer após a conclusão do projeto.
Este é o impacto que causamos na comunidade, e eu vi este impacto com os meus próprios olhos. Vi a torneira e a água limpa que saia dela, e tomei dessa água. E ver o impacto que causamos é o que faz todo o trabalho valer a pena. Isto é verdadeiramente o Rotary em ação, movido por pessoas em ação.
O gerente Samson Tesfaye Woldetensaie tem mais de 20 anos de experiência em comunicações, organização de eventos e coordenação de projetos, já tendo trabalhado em organizações privadas e internacionais, na ONU e em seu próprio negócio. Atualmente, é consultor no World Bank Group. Samson entrou para família Rotary em 2002 como rotaractiano, e foi associado fundador do Rotary Club de Addis Ababa Central-Mella, em 2008. Ex-governador assistente, em 2015 Samson foi nomeado como representante do Rotary International para a União Africana e para a Comissão Econômica das Nações Unidas para a África.