Rotary abre as portas de cidade catarinense a imigrantes

Mais de cinco mil quilômetros separam as cidades de Rio do Sul, em Santa Catarina, e Porto Príncipe, a capital do Haiti, mas no sul do país, o Rotary tem ajudado brasileiros e haitianos a se aproximarem.

Entre 2018 e 2019, o Rotary Club de Rio do Sul Centenário decidiu abraçar a causa da integração dos imigrantes haitianos que chegavam à cidade em busca de uma nova vida. Para ajudar a suprir necessidades que iam desde o aprendizado da língua portuguesa à busca por emprego, o clube criou o Núcleo Rotary de Desenvolvimento Comunitário – Imigrantes.

Horta agroecológica foi desenvolvida pelo Rotary Club local para auxiliar imigrantes

Neide Maria Machado, rotariana e coordenadora do NRDC, conta que o núcleo passou a trabalhar em parceria com a comissão BrHaiti, que já atuava na cidade desde 2016, formada por líderes haitianos em busca de integração na sociedade local.

“Começou a haver a presença de rotarianos nas reuniões da comissão. E essa presença favoreceu a amizade e aproximação (com os moradores)”, explica Neide.

Segundo ela, muitos imigrantes chegaram à cidade por meio do programa de interiorização de refugiados promovido pelo governo federal, enquanto outros chegaram por conta própria. Sem falar português, sem contatos no município, sem emprego ou documentação, as necessidades desses imigrantes são inúmeras.

Neide aponte que o fato de o Rotary ser uma organização conhecida na cidade gerou uma receptividade maior às necessidades da comunidade de imigrantes.

“Quando o Rotary Centenário começou a divulgar, a dar ferramentas à comissão, as empresas, as instituições, os cursos começaram a abrir as portas. Isso foi visível”, destaca. “Começamos a fazer uma grande rede de pessoas e instituições amigas, mas quem protagonizou isso foram os próprios imigrantes”, diz Neide.

Ela conta que os imigrantes chegavam pedindo, principalmente, cursos de língua portuguesa e trabalho. Mas necessidades básicas como alimentação e roupas também acabam fazendo parte da assistência prestada aos estrangeiros.

Com o apoio do Rotary, várias portas foram se abrindo aos haitianos, que passaram a receber assistência de diferentes instituições na cidade. Curso de manicure no Senac, serviços jurídicos de uma universidade, até a construção de uma horta agroecológica com doação feita pelo próprio Rotary Club de Rio do Sul Centenário. A ajuda foi chegando, e os imigrantes foram se integrando à cidade catarinense.

A rede de apoio foi se estruturando de tal forma que chamou a atenção da Organização Internacional para Migrações (OIM), agência das Nações Unidas para migrações. Em setembro, representantes da agência visitaram a horta montada pelo clube e também estabeleceram conversas para realizar cursos de capacitação com organizações parceiras.

O empenho tem rendido bons resultados e a integração dos imigrantes na cidade tem se tornado mais viável. “O NRDC abriu as portas e a visão das organizações aos problemas dos imigrantes”, destaca Neide.

Uma nova ferramenta que tem ajudado neste trabalho é um grupo de Whatsapp, envolvendo diversas instituições parceiras, incluindo a OIM. Quando surge a necessidade de se conseguir algo, um curso, um emprego, ou outro tipo de ajuda, a rede se comunica e se mobiliza para fazer dar certo.

É interessante notar que não são só os imigrantes que estão se adaptando à sociedade local, mas o contrário também acontece. A criação de um curso do idioma crioulo, língua falada pelos haitianos, para brasileiros é outra iniciativa para unir as duas populações.

Os desafios, no entanto, ainda existem. “Investir nos cursos de língua portuguesa é fundamental. Precisamos de mais professores voluntários”, aponta Neide. Facilitar a chegada dos imigrantes aos cursos, proporcionando transporte a partir de áreas mais afastadas, é outra questão a ser resolvida, segundo a coordenadora do NRDC.

Outro fato importante a destacar é que Rio do Sul não recebeu apenas uma grande leva de haitianos, mas também de pessoas vindas da Venezuela, que hoje constituem uma boa parte dos assistidos pelo NRDC.

Para arrecadar fundos, o clube tem realizado eventos como a Polenta da Solidariedade. Quem quiser ajudar o trabalho feito pelo NRDC pode entrar em contato diretamente com o Rotary Club de Rio do Sul Centenário pelo e-mail rcriodosulcentenario@gmail.com.

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