Por Aurea Santos, especialista em Comunicação do Rotary International
As inscrições para as Bolsas Rotary pela Paz 2022-23 já estão abertas e vão até 15 de maio! Para concorrer, e ganhar a sua, no entanto, é preciso muito mais do que apenas entregar a documentação no prazo correto. É preciso ter o perfil certo para desenvolver uma carreira na promoção da paz e desenvolvimento no mundo. Para saber se você tem esse perfil, conversamos com quem ajuda a preparar os candidatos e também com quem já foi selecionado.

O rotariano Francisco Schlabitz, do distrito 4530*, atua na preparação e indicação de candidatos às Bolsas Rotary pela Paz desde 2003. Dos cerca de 40 candidatos que ele já ajudou a indicar, nove foram contemplados com a bolsa. Atualmente, ele ocupa o cargo de presidente da Subcomissão Distrital de Bolsas Rotary pela Paz.
Ele conta que o trabalho com o candidato começa logo após o recebimento do contato do mesmo. E é o candidato, e não o distrito, quem decide se a candidatura vai ser enviada ou não para avaliação da Fundação Rotária.
“No primeiro momento em que a gente fica sabendo do interesse, seja por e-mail ou pelo interessado já ter feito sua inscrição prévia, o que nós fazemos é uma conversa, presencial ou por vídeo, que dura em torno de uma hora, uma hora e meia. A gente procura explicar como é a candidatura, como funciona esse processo, para que o candidato possa tomar a decisão de forma efetiva.”, explica Schlabitz.
E o que é que o Rotary busca em um candidato para que ele possa ser selecionado? “Uma coisa importante é a vida pregressa de cada um deles no que se refere à experiência no exterior ajudando pessoas”, destaca Schlabitz. “Você precisa ter vivência, conhecer pessoas, sentir o que acontece na realidade das comunidades mais sofridas, seja ela de qualquer natureza. Seja em uma região, em um país ou em vários países. Tem que ter vivência, tem que ter vida, essa é a diferença”, aponta.
No passado, candidatos recém-formados e sem experiência de trabalhos comunitários no exterior já foram contemplados. Hoje, porém, com a maior concorrência pelas bolsas, é preciso se destacar muito para que o candidato possa ter chances reais de ser selecionado. Ações pontuais, como a participação em eventos beneficentes de igrejas, por exemplo, podem não ser o suficiente.
“Eu não digo nem que o Rotary vai eliminar, mas que as chances de ele ser um candidato adequado para aquilo que a gente busca são pequenas”, diz. “Então, procuro fazer com que ele reflita e se compare a outras pessoas, como, por exemplo, quem viveu e trabalhou por alguns meses na África, ajudando crianças, famílias pobres, pessoas da periferia nas cidades, em questões de saúde ou criminalidade”.
Ele dá outras dicas importantes para que os candidatos tenham mais chances de conseguir a bolsa. Uma delas é olhar para centros com menor concorrência que o localizado nos Estados Unidos. Os centros da International Christian University, no Japão, e da University of Queensland, na Austrália, costumam receber um menor número de candidaturas.

Outro ponto que Schlabitz destaca é a importância da qualidade dos ensaios escritos pelos candidatos. “Você tem que escrever um texto que faça com que a pessoa se encante com você. Eu também procuro ressaltar esse aspecto, para as pessoas saberem se vender”, orienta.
Somente no ano passado, seu distrito recebeu 17 candidaturas, das quais 13 foram levadas para avaliação da Fundação Rotária. O tempo para a preparação do candidato também é um fator crucial para ter sucesso na obtenção da bolsa. “É preciso entrar com antecedência, não dá para entrar com 15 dias antes do o prazo fechar”, aponta Schlabitz.
Ela foi selecionada!
A paranaense Karina Ito participou do processo de seleção das Bolsas Rotary pela Paz duas vezes. Na primeira vez, em 2007, não conseguiu, mas, no ano seguinte, ela tentou de novo e deu certo. Foi selecionada para iniciar seu mestrado em 2009 no Centro Rotary pela Paz nos Estados Unidos.
Graduada em Direito, Karina conta que sempre teve interesse em atuar com direitos humanos, especialmente em uma organização que trabalhasse com crianças. Ela ficou sabendo das Bolsas Rotary pela Paz por meio de uma conhecida, que era associada do Rotary.

“Aprendi que a seleção depende muito de quem são os outros candidatos naquele ano. Eles [os selecionadores] querem uma diversidade [de perfis] em cada grupo”, destaca. “Na primeira vez em que mandei a inscrição, eu tinha pouco tempo de experiência profissional. No ano em que eu entrei, a turma tinha ex-diplomata, uma pessoa que tinha trabalhado na ONU. O nível dos participantes era muito alto”, avalia.
Na época em que se candidatou, Karina não tinha experiência de trabalho em organizações internacionais. Por outro lado, ela tinha muitos anos de trabalho voluntário em uma ONG que atendia crianças com câncer. “O Rotary valoriza muito o voluntariado”, destaca.
Karina não poupa elogios aos benefícios que a bolsa oferece, incluindo todos os custos pagos e uma acolhida que não tem preço. “É a melhor bolsa de estudos que tem. Quando você chega ao país em que vai estudar, tem uma família rotariana te esperando. Eles são o grupo de pessoas mais generosas que você vai encontrar. São pessoas que acreditam no propósito da bolsa e que abrem sua casa a um bolsista que eles nunca viram”, diz.
“No centro, havia ainda um barracão com móveis dados pelos rotarianos para os bolsistas usarem nos apartamentos que eles alugavam depois. Não me faltou nada”, ressalta. Ela lembra ainda que tinha liberdade acadêmica para escolher quantas matérias iria cursar e quais seriam elas.

Durante seu mestrado, ela teve a oportunidade de estagiar no escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em Genebra, na Suíça. Foi essa oportunidade que a levou a conseguir um emprego fixo, alguns anos mais tarde, na mesma organização. Atualmente, ela é chefe de gabinete do Grupo Permanente dos Comitês Nacionais do Unicef.
Segundo ela, entre os conhecimentos que adquiriu durante o mestrado, o que ela mais usa em seu trabalho são os relativos a relações internacionais e políticas públicas. “Política pública é o que a gente faz todo dia no trabalho para melhorar a vida das pessoas. As relações internacionais te fazem olhar certos problemas do mundo por outra perspectiva”, explica.
Para os atuais interessados em se candidatar à bolsa, Karina recomenda conversar com quem já passou pela experiência, algo que ela mesma fez. “Cada um com quem eu conversei me trouxe uma perspectiva diferente que me ajudou no processo de seleção”, diz. “Conversar com outros bolsistas, conhecer o currículo deles ajuda a entender o perfil que o Rotary procura para a bolsa”, aponta.
Para ela, há características intrínsecas aos candidatos selecionados. “Ser interessado em solução de conflitos e direitos humanos tem que ser parte de quem você é”, afirma. “Mesmo se eu não tivesse conseguido a bolsa, eu teria continuado na área. Veja se as coisas que você acredita estão alinhadas com o propósito da bolsa, porque, se estiverem, fica muito mais fácil ser aprovado”, completa.
Se você se interessou ou conhece alguém que tem o perfil para ser um bolsista Rotary pela Paz, visite o site www.rotary.org/pt/our-programs/peace-fellowships para saber como se candidatar. Lá tem todas as informações sobre os Centros Rotary pela Paz no mundo, critérios de elegibilidade, etc. Prepare-se bem e boa sorte!
Aurea: excelentes seus dois textos reunidos num só post. Vale mostrar para todos e incentivar a leitura. Parabéns.
Se pelo Rotary não conseguíssemos tantos assuntos diversos, poderíamos contar uma história por semana somente sobre Bolsas Rotary pela Paz.É um dos maiores serviços que Rotary realiza com duração para toda vida do alumnus agraciado.
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Não temos dúvida, Chico! Obrigada por sua contribuição de sempre para esse blog, seja como leitor ou como entrevistado!
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Que maravilha excelente oportunidade!!!
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Estamos sempre à disposição.
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